Uma Emocionante Expedição Amazônica
abr09

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Inspire-se

Foto: Ruy C. Tone.

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Acabamos de voltar de uma experiência incrível pela Amazônia, e viemos aqui contar um pouquinho mais de como foi essa viagem tão especial.

Fazer uma expedição de barco pela Amazônia é a forma mais autêntica de interagir com a região, que possui uma das maiores belezas naturais do país. Navegar por lá te permite se desconectar do mundo (no sentido literal mesmo, já que não há sinal de telefone ou internet) e se conectar com o momento, com toda a natureza ao redor e com as pessoas ali presentes.

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Foto: Andrea Angelo

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Embarcamos na cidade de Novo Airão, localizada à 2h30 de carro de Manaus, e foi aí que a aventura começou. Navegando pelo Rio Negro, seguimos em direção ao Parque Nacional do Jaú que, juntamente com o arquipélago de Anavilhanas, foi declarado Patrimônio Natural da Humanidade.

A base da nossa exploração foi o barco Jacaré Açu, que possui uma infraestrutura incrível de 8 cabines (4 com camas de casal e 4 com beliches), sala de refeições, sala de estar (onde são feitas as palestras) e um solarium, de podemos observar toda aquela floresta à perder de vista.

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Nosso barco, o Jacaré Açu.

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Todos os anos, com o degelo nos Andes e a estação das chuvas, o nível do rio sobe vários metros, proporcionando paisagens bem diferentes daquelas encontradas no período da seca. Embarcando no mês de março, conseguimos aproveitar este período da cheia dos rios – que começa em meados de fevereiro e vai até julho. O rio já havia subido 9m e, com tanta água por todos os lados, pudemos navegar por pontos que, durante a seca, o barco normalmente não alcançaria. A paisagem ficou ainda mais impressionante, e as águas do Rio Negro refletem toda aquela beleza perfeitamente, como um espelho!

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Paisagens deslumbrantes da cheia!

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Ainda no Parque Nacional de Anavilhanas, seguimos navegando pelo Rio Negro até o Mirante de Madadá, onde passamos nossa primeira noite dormindo nas redes de um bangalô aberto, em meio a floresta! É opcional, mas a sensação de dormir ouvindo o som da floresta e acordar com os primeiros raios do sol é indescritível!

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Vista linda do Mirante de Madadá.

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Fizemos também uma trilha em uma floresta primária, para conhecer as plantas nativas e compreender mais a fundo tudo o que elas forneceram e fornecem até hoje aos nativos. Nosso guia, Josué, era um nativo cheio de conhecimento e respeito por tudo aquilo. Caminhamos por 4h, até chegar às Grutas de Madadá: grandes blocos de rocha cercados de vegetação, que formam um cenário surpreendente no meio da mata.

Em relação à fauna, durante cheia é mais difícil avistar animais maiores, mas atividades como a focagem noturna de jacarés se tornam mais propícias e muito emocionantes.

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Exploramos as plantas nativas, conhecemos as lindas Grutas de Madadá e até avistamos alguns jacarés!

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Visitamos também a comunidade do Cachoeira, para ver de perto como é a vida daquelas pessoas, situadas no meio da Amazônia, a pelo menos 2 dias de navegação da cidade mais próxima. Tivemos a oportunidade de visitar a escolinha municipal e conhecer um pouco mais da realidade da educação nos lugares remotos do nosso país. Ali, ainda pudemos entender como é o processo de fabricação da farinha de mandioca, um dos principais alimentos produzidos por eles.

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Nos apaixonamos pela Comunidade do Cachoeira e seus moradores super simpáticos.

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Fizemos também uma visita encantadora à Ilha dos Macacos, que fica entre as duas margens do rio. O cenário fica ainda mais incrível quando está alagado! A ilha é lar de 6 macacos, que normalmente não vivem em ilhas. Eles atravessaram da margem para lá por uma árvore que caiu, mas, quando veio a cheia, o tronco foi arrastado pela correnteza e eles ficaram isolados ali, já que não sabem nadar. Este caso até vem sendo estudado por biólogos, de tão inusitado!

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Delicioso passeio de canoa pela Ilha dos Macacos.

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Durante o passeio de canoa pelo meio da Ilha, com alguns raios de sol entrando na mata através das árvores, presenciamos uma das vistas mais impressionantes de toda a viagem. Com a água cobrindo as árvores até quase metade dos tronco imensos, flutuamos em busca dos 6 macacos que ali vivem, e conseguimos vê-los pulando de árvore em árvore – como artistas acrobatas, segundo nosso canoeiro, que conseguiu encontrá-los seguindo o som com seu ouvido apurado. Aliás, eles reconhecem qualquer bicho só pelo som ou pela cor do brilho dos olhos (durante a focagem noturna). É realmente muito bonito ver o conhecimento e a interação que o povo nativo tem com os animais.

Depois, foi a vez de visitarmos Airão Velho, uma cidade abandonada na década de 50, após o construção de Novo Airão, mas que foi um ponto muito importante no período do auge da borracha. As construções do século 17, tomadas e invadidas pela natureza retomando seu espaço, compõem uma visita bem impressionante no meio da floresta.

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Ruínas impressionantes perdidas em meio a mata.

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Para finalizar nossa experiência amazônica, desembarcamos no Lodge Mirante do Gavião – um hotel localizado na cidade de Novo Airão. Envolto por um braço da floresta, às margens do Rio Negro, o hotel posssui uma arquitetura incrível, toda de madeira, e serviço e gastronomia excelentes! É uma ótima opção para quem, como nós, quer finalizar sua viagem à Amazônia descansando por alguns dias com todo o conforto e sofisticação, ainda sentindo o gostinho da floresta. E claro, também é uma ótima recomendação para quem quer fazer toda a exploração na Amazônia tendo um hotel como base, já que o Mirante oferece explorações diárias com guias especialistas.
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Lodge Mirante do Gavião: lindo e muito confortável!

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E o mais bonito de tudo isso foi participar, através da Katerre e do Mirante do Gavião, do turismo na sua mais pura essência, que promove sustentabilidade através de um incrível trabalho socioambiental voltado para a população local, e incentiva não apenas a interação com a natureza, mas também um intercâmbio com o povo que nela vive.

Um dos projetos que as empresas apoiam é a Fundação Almerinda Malaquias, um centro de educação e formação profissional para a população do município de Novo Airão. Nele, através do reaproveitamento de madeiras descartadas da construção naval, é ensinado o ofício da marcenaria e trabalhada a educação ambiental com as crianças, para entenderem a importância da Amazônia e de sua proteção no futuro. É nestes ensinamentos que a Fundação acredita estar o poder de transformação.

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O turismo sustentável da Katerre e do Mirante do Gavião apoia lindos projetos socioambientais da região.

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Outro projeto muito bacana apoiado pela Katerre e pelo Mirante é o Projeto VivAmazônia, uma escola no modelo mais construtivista, que ensina crianças ribeirinhas. Localizada no Rio Jauaperi, a mais de 20h de navegação da cidade mais próxima, utiliza uma forma de ensino muito mais conectada com a natureza, visando a alfabetização e também a educação ambiental. A VivAmazônia foi fundada em 1998, fruto do idealismo e inspiração em melhorar as condições sociais da região. Vale a pena conhecer o trabalho deles!

– Mariana Almeida